O COVID-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus que se espalhou pelo mundo em 2020 e 2021, provocando uma crise sanitária, econômica e social sem precedentes. Um dos setores mais afetados pela pandemia foi o de transporte aéreo, que sofreu uma queda drástica na demanda e na oferta de voos, além de restrições de circulação e medidas de prevenção.
Diante desse cenário, as companhias aéreas tiveram que se adaptar e ajustar suas estratégias de precificação, buscando equilibrar a rentabilidade e a competitividade. As curvas de preços das companhias aéreas são as representações gráficas da variação dos preços das passagens aéreas em função do tempo. Portanto, elas refletem a dinâmica do mercado e os fatores que influenciam a formação dos preços, como a demanda, a oferta, a concorrência, os custos e as expectativas.
Neste artigo, você vai aprender como o COVID-19 afetou as curvas de preços das companhias aéreas no Brasil e quais os fatores que influenciam essa dinâmica.
Como as curvas de preços das companhias aéreas são formadas
As curvas de preços das companhias aéreas são formadas pela aplicação de técnicas de precificação dinâmica, que consistem em ajustar os preços das passagens aéreas em função das condições do mercado e do comportamento dos consumidores. Essas técnicas visam maximizar o lucro das companhias aéreas e aproveitar as oportunidades de venda.
Uma das técnicas mais usadas pelas companhias aéreas é o Yield Management, que consiste em segmentar os clientes em diferentes classes tarifárias, com diferentes preços e restrições, e controlar a disponibilidade dessas classes ao longo do tempo. Contudo, o objetivo é vender as passagens pelo maior preço possível, sem perder clientes para a concorrência ou deixar assentos vazios.
O Yield Management se baseia em dois conceitos principais: o preço médio e o fator de ocupação. O preço médio é o valor médio pago por cada passageiro em um voo. O fator de ocupação é a porcentagem de assentos ocupados em um voo. Então, o ideal é que ambos sejam altos, indicando que o voo foi rentável e eficiente.
Para aplicar a técnica as companhias aéreas usam sistemas computacionais que coletam e analisam dados históricos e atuais sobre a demanda, a oferta, os custos, os concorrentes e os clientes. Esses sistemas usam algoritmos matemáticos e estatísticos para estimar a demanda futura por cada classe tarifária e definir os preços ótimos para cada momento.
Assim, as curvas de preços das companhias aéreas tendem a seguir um padrão: os preços começam baixos, para estimular as vendas antecipadas; depois aumentam gradualmente, à medida que o voo se aproxima; e podem diminuir novamente, se houver assentos disponíveis na última hora.
Como o COVID-19 impactou a demanda e a oferta de voos no Brasil
O COVID- 19 impactou a demanda e a oferta de voos no Brasil de forma severa e negativa. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a demanda por voos domésticos no Brasil caiu 48,1% em 2020 em relação a 2019, e a oferta caiu 46,6%. Em março de 2021, um ano após o início da pandemia, a demanda ainda estava 39,3% menor e a oferta 35,5% menor do que em março de 2020.
Os principais fatores que contribuíram para essa queda foram:
- As medidas de isolamento social e de restrição de circulação impostas pelos governos federal, estaduais e municipais para conter a propagação do vírus
- O medo e a insegurança dos consumidores em viajar de avião e se expor ao risco de contaminação
- A redução da renda e do poder de compra dos consumidores, afetados pela crise econômica e pelo desemprego
- A suspensão ou cancelamento de eventos, viagens e atividades que geram demanda por voos, como turismo, negócios, lazer e educação
Diante desse cenário, as companhias aéreas tiveram que reduzir drasticamente suas operações, cancelando ou adiando voos, reduzindo frequências e rotas, diminuindo a capacidade das aeronaves e demitindo funcionários. Além disso, as companhias aéreas tiveram que enfrentar o aumento dos custos operacionais, causado pela desvalorização do real frente ao dólar, pela variação do preço do combustível e pelas medidas sanitárias exigidas.
Para sobreviver à crise, as companhias aéreas buscaram apoio do governo, dos credores e dos fornecedores, além de recorrer a medidas como o reembolso em crédito, o parcelamento sem juros, a flexibilização das regras tarifárias e a oferta de benefícios aos clientes.
Como o COVID-19 alterou as curvas de preços das companhias aéreas no Brasil
O COVID-19 alterou as curvas de preços das companhias aéreas no Brasil de forma significativa e variável. Segundo dados da ANAC, o preço médio das passagens aéreas domésticas no Brasil caiu 14% em 2020 em relação a 2019. Em março de 2021, o preço médio estava 17% menor do que em março de 2020.
Os principais fatores que influenciaram essa queda foram:
- A diminuição da demanda por voos, que gerou uma sobra de oferta e uma maior competição entre as companhias aéreas
- A redução dos custos variáveis das companhias aéreas, como o combustível e as taxas aeroportuárias
- A necessidade das companhias aéreas de atrair os consumidores com preços mais baixos e condições mais favoráveis
- A mudança no perfil dos consumidores, que passaram a buscar voos mais baratos, mais curtos e mais próximos da data da viagem
No entanto, essa queda não foi uniforme nem constante ao longo do tempo. As curvas de preços das companhias aéreas no Brasil apresentaram oscilações e diferenças conforme o período, a região, a rota e a classe tarifária. Certamente alguns fatores que explicam essas variações são:
- A sazonalidade da demanda por voos, que aumenta em épocas como férias, feriados e festas
- A heterogeneidade da oferta por voos, que depende da disponibilidade das companhias aéreas, dos aeroportos e das rotas
- A elasticidade da demanda por voos, que varia conforme o tipo de consumidor, o motivo da viagem e a sensibilidade ao preço
- A dinâmica da concorrência entre as companhias aéreas, que pode gerar guerras de preços ou acordos de cooperação
Assim, as curvas de preços das companhias aéreas no Brasil mostraram uma tendência de queda, mas também apresentaram picos e vales, conforme a situação do mercado e a estratégia das companhias aéreas.
Quais os desafios e as perspectivas para o setor aéreo pós-pandemia
O setor aéreo enfrenta grandes desafios e incertezas para se recuperar da crise provocada pelo COVID-19. Segundo projeções da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), o tráfego aéreo global deve voltar aos níveis pré-pandemia apenas em 2024, e o setor deve ter um prejuízo de US$ 47,7 bilhões em 2021.
No Brasil, a situação é ainda mais complexa, devido à instabilidade política, à fragilidade econômica e à demora na vacinação. Segundo estimativas da ANAC, a demanda por voos domésticos no Brasil deve se recuperar apenas em 2022, e a oferta em 2023.
Para superar esses desafios, o setor aéreo precisa de apoio do governo, dos parceiros e dos clientes, além de inovação, adaptação e resiliência. Entretanto algumas medidas que podem contribuir para a recuperação do setor são:
- A implementação de políticas públicas que garantam a segurança sanitária, a sustentabilidade ambiental e a competitividade econômica do setor
- A concessão de linhas de crédito, incentivos fiscais e subsídios para as companhias aéreas e os demais agentes do setor
- A ampliação da infraestrutura e da conectividade aeroportuária, com investimentos em tecnologia, segurança e acessibilidade
- A diversificação das fontes de receita e dos modelos de negócio das companhias aéreas, com foco na experiência do cliente e na fidelização
- A digitalização dos processos e dos serviços do setor aéreo, com uso de inteligência artificial, big data e blockchain
- A cooperação entre as companhias aéreas e os demais agentes do setor, com compartilhamento de informações, recursos e riscos
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